Coroinhas de Santo Aleixo

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Resumo dos livros da Bíblia - Cartas dos Apóstolos

CARTAS APOSTÓLICAS

Ao todo, são 7 cartas escritas pelos apóstolos de Jesus: Tiago, Pedro, João e Judas. 

Tiago - Como escrito tipicamente didático e moral, a Carta não obedece a um plano doutrinal previamente elaborado. Os temas sucedem-se ao correr da pena, sempre com a preocupação dominante de apelar a que os fiéis vivam o espírito cristão em todas as circunstâncias de um modo coerente com a fé, em perfeita unidade de vida: o comportamento dos cristãos tem de ser um reflexo da sua fé. Sublinhamos os temas das principais exortações:

A atitude cristã perante as provações: 1,2-18;
Pôr em prática a Palavra: 1,19-27;
Caridade para com todos: 2,1-13;
Fé com obras: 2,14-26;
Domínio da língua: 3,1-12;
Verdadeira sabedoria: 3,13-18;
Origem das discórdias: 4,1-12;
Evitar a presunção: 4,13-17;
Advertências aos ricos: 5,1-6;
Exortações finais: 5,7-20.

Como foi dito, esta Carta é o único escrito do NT a referir expressamente o Sacramento da Unção dos Doentes (5,13-15), que não aparece como um piedoso costume, mas como um dos Sacramentos instituídos por Cristo. De fato, a unção é feita apenas pelos presbíteros da Igreja, em nome do Senhor e obtém efeitos sobrenaturais, como o perdão dos pecados.

1ª Pedro - A Carta pretende exortar os fiéis a permanecerem firmes na fé, no meio de um ambiente hostil. A Carta encontra-se dividida em 4 secções:
Saudação inicial e ação de graças: 1,1-12;
I. Exortação à santidade: 1,13-2,10;
II. Os cristãos perante o mundo: 2,11-3,12;
III. Os cristãos perante o sofrimento: 3,13-4,11;
IV. Últimas exortações: 4,12-5,14.

Estamos perante um escrito da segunda geração cristã que pretende animar a fé dos que já tinham desanimado na sua caminhada na Igreja.

2ª Pedro - O seu objectivo é denunciar graves erros que ameaçavam a fé e os bons costumes, sobretudo a negação da segunda vinda do Senhor (3,3-4). Podemos estruturar 2 Pe do seguinte modo:
Saudação: 1,1-2;
I. Exortação à perseverança na fé: 1,3-21;
II. Denúncia dos falsos mestres: 2,1-22;
III. A segunda vinda do Senhor: 3,1-16;
Conclusão: 3,17-18.
Os temas fundamentais desta Carta são: a segunda vinda do Senhor (1,16), definida como misericordiosa (3,4.8-10.15), mas que vai trazer uma mudança radical no cosmos; a lembrança da Transfiguração (1,16-19); a inspiração das Escrituras (1,20-21; 3,14-16); a importância do "conhecimento" religioso (1,2-8; 2,20; 3,1).
Tudo indica que esta Carta é o desenvolvimento da Carta de Judas, sobretudo em 2,1-18; 3,1-13, onde recolhe a temática de Jd 4-19. Por isso mesmo, seria mais tardia que esta. Nas duas se combatem os falsos mestres.

1ª João - Não tem endereço e não parece ser dirigida apenas a uma comunidade, mas provavelmente ao conjunto das igrejas que estavam ligadas ao Apóstolo João. A tradição diz que ele passou os seus últimos tempos em Éfeso; os destinatários seriam provavelmente as comunidades cristãs da Ásia Proconsular, sobretudo aquelas a quem se endereçam as Cartas do início do Apocalipse. Pode estruturar-se do modo seguinte:

Prólogo: 1,1-4;
I. Caminhar na Luz: 1,5-2,29;
II. Viver como filhos de Deus: 3,1-24;
III. A fé e o amor: 4,1-5,12;
Conclusão: 5,13-21.

A Carta não foi escrita apenas para reavivar a fé em Cristo e o amor aos irmãos; parece ser, antes de mais, um escrito polêmico: perante a ameaça de erros graves, apresenta fórmulas claras e confissões obrigatórias da fé, como garantia da fé genuína e sinal da ortodoxia (4,1-3). Parece que se enfrenta com os gnósticos, que afirmavam ter um conhecimento directo de Deus e negavam tanto a vinda de Deus "em carne mortal" (4,2) como a identidade entre o Cristo celeste e o Jesus terreno (2,22). Para eles, o Jesus terreno não passava de um mero instrumento de que o Cristo celeste se tinha servido para comunicar a sua mensagem, descendo a Ele por ocasião do Batismo e abandonando-o por ocasião da Paixão; e assim negavam a Encarnação e a morte do Filho de Deus, e o seu valor redentor. Daí o seu ensino categórico: o Filho de Deus, "Jesus Cristo, é aquele que veio com água e com sangue; e não só com a água, mas com a água e com o sangue" (5,6); isto é, Deus não abandonou o homem Jesus antes da sua Paixão e Morte.
Esta Carta, de uma notável riqueza doutrinal e numa forma mais desenvolvida, é considerada posterior ao IV Evangelho e terá sido escrita nos últimos anos do séc. I.
2ª João - é um brevíssimo escrito dirigido "à Senhora eleita e a seus filhos" (v.1), designação simbólica de uma igreja concreta da Ásia Menor; pois, se fosse uma pessoa singular, não teria o mesmo nome da sua irmã: "Saúdam-te os filhos da tua Irmã eleita" (v.13). Visa incitar os fiéis à vida cristã e à caridade e defendê-los da heresia. Há quem a imagine como um esboço da Primeira.

3ª João - é dirigida a um cristão, Gaio (v.1). Anima-o a continuar a receber em sua casa os enviados do Apóstolo João, que eram mal recebidos pelo chefe da comunidade local, um certo Diótrefes.

Judas - A maior parte desta pequena Carta dirige-se contra os falsos mestres, que se tinham infiltrado nas comunidades. E nesta polêmica tem especial interesse a influência da literatura apocalíptica judaica, citando mesmo o Livro de Henoc (v.4.6.14) e a Assunção de Moisés (v.9).

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