Coroinhas de Santo Aleixo

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A Bíblia

Conhecendo a Bíblia

O que é a Bíblia?

A palavra Bíblia vem do grego, ela significa "coleção de livros". Nela contém a história da Salvação, desde a criação do mundo feita por Deus até as profecias da Segunda vinda gloriosa de Jesus, o Filho de Deus. Podemos, para um melhor entendimento, caracterizá-la como uma "grande carta" enviada por Deus a todos os seus filhos. Nesta carta contém o Plano que Deus preparou para cada um de nós.

Quando começou a ser escrita?

A Bíblia foi escrita durante muitíssimo tempo (aproximadamente 1.300 anos). Seu início ocorreu antes da vinda de Cristo, com as chamadas "traduções orais", que vem a ser as histórias que uns contavam a outros. Por volta de muito tempo atrás, os chamados escribas decidiram "passar para o papel" essas histórias. Com isso, pouco a pouco, a Bíblia foi sendo formada.

Quando terminou de ser escrita a Bíblia?

A Bíblia terminou de ser escrita por volta do ano 100 d.C., com o Apóstolo João Evangelista (que escreveu o Apocalipse).

Quem escreveu a Bíblia?

A Bíblia foi escrita por várias pessoas, mas foi INSPIRADA UNICAMENTE POR DEUS. O Pai usou de pessoas como instrumentos seus para transmitir a sua mensagem.

Como a Bíblia é formada?

A Bíblia é formada por livros sagrados. São 73 os livros contidos na Bíblia. Desses 73 livros sagrados, 46 constituem o conjunto de livros do Antigo Testamento e 27 constituem o conjunto dos livros do Novo Testamento. Podemos afirmar então, que a Bíblia é dividida em duas grandes partes: Antigo Testamento e Novo Testamento. A palavra testamento significa aliança.

O que contém no Antigo Testamento?

O Antigo Testamento nos revela a Criação do mundo, as alianças que Deus fez com os homens, as profecias que anunciavam a vinda do Messias, a fidelidade e infidelidade do povo de Deus, e principalmente, a preparação do povo escolhido de onde viria o Verbo Encarnado.

O que contém no Novo Testamento?

O Novo Testamento possui quatro livros (Mateus, Marcos, Lucas e João) que contam toda a vida de Jesus Cristo, desde o seu nascimento até a sua ascensão ao céu. Esses quatro livros formam um conjunto denominado evangelho. O Novo Testamento é também constituído por várias cartas (também chamadas epístolas), que foram escritas pelos apóstolos com o objetivo de direcionar a Igreja fundada por Cristo. Além do evangelho e das cartas, o Novo Testamento possui um livro que conta os primórdios da Igreja de Cristo e outro livro profético que revela a Segunda vinda gloriosa de Jesus, respectivamente, são eles: os Atos dos Apóstolos e o Apocalipse.

Quais foram os idiomas usados para escrever a Bíblia?

Os idiomas bíblicos são três: o hebraico, o aramaico e o grego.

O Antigo Testamento, foi totalmente escrito em hebraico. Já, o Novo Testamento, foi escrito a maior parte em grego e uma pequena parte em aramaico (que vem a ser um dialeto do hebraico). Por curiosidade, o idioma que Cristo falava era o aramaico.

Quem traduziu a Bíblia?

Como já vimos, a Bíblia possui três idiomas de origem: o hebraico, o aramaico e o grego. Com o tempo, foram surgindo as traduções. Hoje em dia, a Bíblia é o livro mais traduzido no mundo inteiro. Isso foi graças ao esforço de muitos estudiosos da época. São Jerônimo é um grande exemplo disso, ele foi quem traduziu a Bíblia para o latim. Pouco a pouco, logo após a tradução para o latim, a Bíblia foi sendo traduzida em mais e mais línguas. Até chegar ao que temos hoje: o livro mais lido mundialmente.

Qual é a diferença entre a Bíblia Protestante e a Bíblia Católica?

Muitas são as pessoas que desprezam a Bíblia Protestante, dizendo não ser a Palavra de Deus. Isso é uma atitude errada, pois tanto a Bíblia Católica como a Bíblia Protestante deve ser considerada Palavra de Deus! A única diferença que há entre elas, é em relação ao número de livros, ou seja, a Bíblia Protestante possui sete livros a menos do que a Bíblia Católica. Esses livros são os seguintes: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Eclesiástico, Sabedoria e Baruc. A Bíblia Protestante também não contém as seguintes citações do Antigo Testamento: Dn 13-14 ; Est 10,4-16,24.


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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Resumo dos livros da Bíblia - Pentateuco

O PENTATEUCO

É o nome dado aos cinco primeiros livros da Bíblia (Gen, Ex, Lev, Num, Dt) e constituem a Lei de Moisés ou Torá.

Gênesis - narra as origens do homem e do mundo criados por Deus, e apresenta-nos a maravilhosa história dos Patriarcas: Abraão, Isac e Jacó. A mensagem deste livro é importantíssima. Entre outras coisas traz a revelação de Deus sobre os seguinte pontos:

1 - Deus é o Criador do mundo e do homem.
2 - Deus é distinto do universo; quer dizer, não existe o Panteísmo que defende que Deus e o mundo são a mesma coisa; e o mundo seria apenas uma "emanação de Deus".
3 - O mundo é bom.
4 - O mundo criado manifesta a glória e a paz de Deus.
5 - O homem foi criado da terra, mas foi animado de um espírito de vida (alma) imortal, criado e dado por Deus.
6 - O homem foi criado para viver na amizade de Deus.
7 - O homem foi criado livre.
8 - A harmonia primitiva foi destruída pelo pecado da desobediência a Deus. O homem tem a vã esperança de ser Deus (pecado original).
9 - O homem foi excluído do Paraíso.
10 - Deus faz a Promessa de Redenção da humanidade através da Mulher.
11 - O homem foi dominado pelo pecado e o mal se generaliza: Caím, Torre de Babel, Sodoma e Gomorra, etc..
12 - Deus faz uma primeira aliança com o homem através de Noé.
13 - Deus continua a aliança com Abraão, Isac e Jacó.

Êxodo - narra a ida do povo de Israel para o Egito e a escravidão alí sofrida. Deus chama Moisés e através dele tira o povo do Egito milagrosamente; em seguida estabelece uma Aliança com Moisés e dá ao Povo os seus Mandamentos, leis, preceitos, ritos e cultos.

Levítico - narra as Leis dos rituais, as leis sociais, as prescrições, as bênçãos e maldições, os sacrifícios oferecidos a Deus (holocaustos, oblações, sacrifícios pacíficos, sacrifícios de expiação). Era o livro dos levitas ou sacerdotes do povo. São as leis relativas ao culto e à santidade do povo.

Números - fala do recenseamento do povo feito por Moisés no deserto e apresenta as listas de nomes e números. Contém ainda outras leis misturadas com a narrativa da caminhada até as margens do rio Jordão.

Resumo dos livros da Bíblia - Livros Históricos

OS LIVROS HISTÓRICOS

Há 16 Livros históricos na Bíblia (Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, I e II Macabeus) que narram a história do povo hebreu desde a entrada na Terra Prometida até os tempos dos Macabeus, já próximo de Jesus cerca de 150 anos.

Josué - Narra a árdua missão de Josué, indicado por Deus a Moisés para ser o seu sucessor e introduzir o povo na Terra prometida, fazendo o povo viver as leis que Deus deu a Moisés, distribuindo a terra entre as tribos de Israel e lutando contra os cananeus. Mostra a fidelidade de Deus às suas promessas feitas ao povo. É uma continuação lógica do Pentateuco.

Juízes - narra as suas histórias desde a morte de Josué até Samuel. Josué ao morrer não deixou sucessor. As doze tribos de Israel já estavam estabelecidas na terra prometida, mas não tinham um governo central, mas eram unidas pela religião monoteísta (um só Deus), diferente dos outros povos de Canaã que tinham muitos deuses (Baal, Aserá, Astarte). Israel convivia com esses povos pagãos e muitas vezes caiu na idolatria. Neste contexto Deus suscitou os Juízes em Israel. Eram heróis, muitas vezes dotados de força física ou carismas especiais para libertarem uma ou mais tribos de Israel dominadas pelos extrangeiros. Não tinham sucessores nem dinastia, não promulgavam leis e nem impunham impostos. São o testemunho vivo de que Javé jamais abandonou o seu povo. Entre os grandes juízes encontramos Eli e Samuel, que foram os únicos que tiveram autoridade sobre todo o Israel, embora não tinham sido chefes de exércitos como os outros. Ao todo foram doze juízes. Os maiores foram Otoniel (da tribo de Judá), Aod (Benjamim), Barac (Neftali), Gedeão (Manassés), Jefté (Gad), Sansão (Dã). Os menores são Samgar (Simeão), Tolá (Issacar), Jair (Galaad), Abesã (Aser), Elon (Zabulon) e Abdon (Efraim). Os 21 capítulo de Juízes cobre um período de quase 200 anos que vai de 1250 a 1050, da morte de Josué até o primeiro rei de Israel, Saul.

Rute - é posterior ao exílio na Babilônia (587 - 537 AC). Conta a bela história de Rute, a moabita que desposou Booz, israelita, e dos quais nasceu Obed, o pai de Jessé, que foi o pai do rei Davi. A finalidade do livro é transmitir uma história edificante sobre as origens da família de Davi, que teve, então, entre os seus antepassados uma moabita, isto é, um membro que não era do povo judeu, e até seu inimigo. Isto já ensina a universalidade da salvação preparada por Deus para todos os homens (cf. Rt 2,12). O mesmo se dá com o livro de Jonas. Mateus, na genealogia de Jesus, faz questão de citar Rute, para significar que Ele não é filho apenas de israelitas, e Salvador não só dos judeus, mas de todos os homens.

Os livros de Samuel - foram escritos após o ano 622AC, e narra as histórias de Samuel, o último dos Juízes, do rei Saul e do rei Davi. Continuam as narrações contidas nos livros dos Juízes e cobrem um período da história de Israel de 1050 a 970 aC. Samuel, o último dos juízes foi incumbido por Deus para sagrar o primeiro rei de Israel, Saul.

Os livros dos Reis - narram a história dos reis de Israel, Saul, Davi, Salomão, etc. , e vai até o exílio do ano 587aC quando aconteceu o exílio para a Babilônia. Narra a construção do Templo por Salomão, a separação das 12 tribos de Israel em dois reinos rivais (Samaria e Judá), e conta, entre outras coisas, a queda de ambos os reinos, a destruição de Jerusalém, a história de Elias, Eliseu, a Reforma de Josias e a destruição de Jerusalém pelos babilônios. O livro cobre cerca de 400 anos de história de Israel (970-570 aC). Começa com os últimos dias de Davi e vai até a libertação de Jeconias, rei de Judá, detido na Babilônia (561). O livro conta a história dos dois reinos de Israel separados e rivais. Apresenta os doze reis de Judá, todos da descendência de Davi; e os dezenove reis da Samaria, pertencentes a nove dinastias diferentes, perdendo, então, a descendência de Davi.

Os livros das Crônicas (ou Paralipômenos = as coisas omitidas) - formam com os livros de Esdras e Neemias um bloco homogêneo chamado de ¨obra do Cronista¨. Narram as histórias de Israel, repetindo ou completando o que já foi narrado em Samuel e Reis. Na
verdade, reapresenta a história narrada em Samuel e Reis, mas com uma perspectiva ainda mais religiosa. Trazem uma tabela genealógica desde Adão até Davi; a história do rei Davi, de Salomão e dos reis de Judá, e procura dar um significado teológico aos acontecimentos narrados.

Esdras (sacerdote) e Neemias (governador) - são do mesmo autor das Crônicas e contam as histórias desses personagens importantes que restabeleceram a restauração religiosa e moral de Israel após o exílio da Babilônia. Cobre uma época que vai de 538 a 430 aC. Narram a construção e a dedicação do Templo, a reconstrução das muralhas e da cidade de Jerusalém. É o tempo dos profetas Ageu, Zacarias e Malaquias. Foi o renascimento do judaísmo após o exílio, a partir de Judá que volta do exílio; e daí nascerá o Messias. Por isso Esdras é chamado o "pai do Judaísmo".

Os livros de Tobias, Judite e Ester - são livros escritos no gênero literário chamado de midraxe, que é a narração de um fato histórico com ênfase religiosa, isto é, na ação de Deus que age em defesa dos fiéis, realçando os aspectos edificantes e moralizantes dos fatos narrados, com o intuito de formar os leitores. São histórias edificantes que não se pode saber bem quando ocorreram, e que não se referem a todo o Israel, mas apenas a uma pessoa, família (Tobias) ou cidade (Judite). São belos livros, de leitura muito edificante, que mostram a ação de Deus, na vida de uma pessoa, de uma família ou de uma cidade que nele confia. É importante notar a figura de duas mulheres, usadas por Deus para a sua obra de salvar o seu povo. Ester é figura de Nossa Senhora.

Os livros dos Macabeus - contam a história do povo Judeu no tempo da opressão dos sírios, especialmente pelo rei Antíoco IV Epífanes (175 -163), que queria obrigar o povo a praticar as leis pagãs e rejeitar a lei de Deus. Levantou-se Matatias, sacerdote, como chefe de guerrilha e guerra contra os sírios, com os seus filhos João, Simão, Judas, Eleazar e Jônatas. A revolta dos Macabeus surgiu por esta causa e vai aproximadamente de 175 a 163 aC., já no limiar da chegada de Jesus.
Do tempo de Esdras (400) até os Macabeus (175), temos um período de cerca de 225 anos dos quais a Bíblia nada fala. Parece terem sido tempos de paz, embora Israel ainda vivesse sob o jugo de Alexandre Magno, e depois os sírios. 

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Resumo dos livros da Bíblia - Livros Sapienciais

OS LIVROS SAPIENCIAIS

Há 7 livros na Bíblia que são chamados de Sapienciais, isto é, que falam da sabedoria de Deus. Vamos examiná-los.

- foi escrito no século V antes de Cristo, e medita sobre a questão do sofrimento humano. Por que sofrem os bons? A sua mensagem principal é que o homem deve humilhar-se no sofrimento e confiar em Deus que sabe tirar o bem até mesmo do mal. Mostra a vitória, pela fé, de um homem que mesmo coberto de lepra da cabeça aos pés, sabe ainda confiar em Deus, sem perder a fé e sem blasfemar. A grande mensagem do livro é que não podemos conhecer todas as causas do sofrimento, mas devemos fazer um ato de confiança absoluta em Deus. E não ficaremos frustrados.

Salmos - contém 150 salmos de Davi, Salomão e outros. Eram orações "cantadas com o acompanhamento de instrumentos de corda". Era por excelência o livro de oração dos judeus e também da nossa Igreja. Canta os louvores de Deus, as lamentações do povo, os cânticos religiosos, os poemas e as súplicas. Exprimem as mais diversas situações de ânimo; adoração, louvor, perseguição, saudades do santuário, desejo de Deus, confissão dos pecados, esperança em Deus que salva, oráculos messiânicos, cânticos de Sion, etc..

Provérbios - trazem a riquíssima sabedoria que o povo judeu armazenou durante a vida muito sofrida, especialmente no exílio. É o mais representativo da literatura sapiencial bíblica, que datam do século X a.C., às quais foram acrescentadas normas que são do séc IV /III aC. Aos poucos a sabedoria foi tomando aspecto religioso, com as suas raízes no "temor do Senhor", e procura agradar a Deus. É vista como um dom de Deus. Os sábios atribuíam a ao próprio Deus a sabedoria. O termo provérbio vem do hebraico "Meschalim", que quer dizer "Máximas". O livro consta de nove coleções de máximas, as mais antigas atribuídas a Salomão.

Eclesiastes - é parecido com o livro de Jó; uma vez que ambos tratam da questão do sofrimento. O termo Eclesiastes quer dizer "orador" ou "pregador", aquele que fala na assembléia. Enquanto Jó parte a realidade do mal, Eclesiastes parte da vaidade e da deficiência de todos os bens. Quem lê o livro pode à primeira vista ficar confuso, quando recomenda o gozo dos bens materiais; no entanto são apenas reflexões que o autor faz consigo mesmo, contraditórias, antes de chegar às conclusões. Por fim termina dizendo: "teme a Deus e guarda os seus mandamentos". O autor do livro não é Salomão, mas um judeu da Palestina que viveu no séc. III a.C.

Cântico dos Cânticos - quer dizer “o mais belo dos cânticos” . O tema do livro é o amor de um homem chamado Salomão e rei por uma jovem chamada de “a sulamita”, guarda de vinhas e pastora. A interpretação é a seguinte: sob a imagem do esposo é figurado o próprio Deus e, sob a imagem da esposa, a filha de Sion, o povo de Israel, que Deus escolheu entre todas a nações. Na perspectiva cristã é a figuração de Cristo (Esposo) e a Igreja (Esposa).Os místicos viram também na figura da esposa a Virgem Maria e, também, qualquer alma fiel a Deus. As fortes cenas de amor são uma maneira oriental de se expressas e não devem nos impressionar ou levar-nos a conclusões erradas; são fortes para mostrar o quanto Deus ama a humanidade.

Sabedoria - foi escrito por um judeu de Alexandria no norte do Egito, com o objetivo de fortalecer a fé dos judeus que viviam nesta região, de modo a não aderirem à religião dos povos desta região. Muitos judeus viviam nesta rica cidade fundada por Alexandre Magno (†324a.C). O autor exalta a Sabedoria judaica, cuja origem é Deus; e quer mostrar que ela nada é inferior à grega, que domina Alexandria.

O livro do Eclesiástico (ou Sirácidas) - A tradução grega é “Sabedoria de Jesus filho de Sirac”. Os cristãos de língua latina o chamavam de ¨Ecclesiasticus¨, já que era usado para ensinar os bons costumes aos catecúmenos que se preparavam para o Batismo. Era o livro da ¨Ecclesia¨ (Igreja). É um pouco parecido com o livro dos Provérbios, mas revela uma fase mais avançada do pensamento dos judeus. O livro deve ter sido escrito aproximadamente no ano 190 aC em Jerusalém, em hebraico, e depois foi traduzido para o grego em 132 aC. 

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Resumo dos livros da Bíblia - Livros Proféticos

OS LIVROS PROFÉTICOS

São 18 livros. A partir de Samuel (sec.XI a.C) até Malaquias (sec.V a.C) a série dos profetas foi ininterrupta e eles exerceram papel muito importante no reino de Israel: eram conselheiros dos reis, censuravam as injustiças, condenavam toda idolatria, etc.
Os profetas Isaías, Jeremias, Oséias, e Amós, atuaram antes do exílio (587-538 a.C) e mostravam aos reis e ao povo as suas faltas, pelas quais Deus os abandonaria nas mãos dos estrangeiros.
Os profetas Ezequiel e o ¨segundo¨ Isaías (Is 40-55) agiram durante o exílio procurando erguer o ânimo do povo.
Os profetas Ageu, Zacarias e Malaquias atuaram depois do exílio incentivando o povo a reconstruir o Templo e os muros de Jerusalém, além de empreender a reforma religiosa, moral e social da comunidade judaica e predizendo a glória do futuro Messias.
Os profetas Oséias, Amós, Miquéias, Joel, Abdias, Jonas, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, em número de 12, são chamados de profetas menores, não porque não foram importantes, mas porque nos deixaram escritos pequenos, que já no século II antes de Cristo eram colecionados em um só volume (rolo). Não é possível se saber com exatidão a época em que cada um deles atuou, mas sabemos que agiram do século VIII ao século III a.C. e fornecem dados importante da história de Israel e dos povos vizinhos.

Isaías - o profeta viveu de 740 a 690aC. Mas não foi o único autor de todo o livro. Este está dividido em três partes: Isaias I (capítulos 1-39) é do tempo do profeta; Isaias II (40-55) é da época do exílio da Babilônia (587-638aC) e Isaias III (56-66) foi escrito após o exílio na época da restauração do povo na sua terra. O profeta Isaías era filho de nobre família de Jerusalém, poeta , foi conselheiro dos reis Jaotã, Acaz e Ezequias numa época de infidelidade moral e religiosa por parte do povo de Israel. O livro de Isaías, por isso, é dito da "escola de Isaías"; isto é, seus discípulos devem ter continuado a obra do mestre através dos séculos.

Jeremias - O profeta viveu de 650 a 567aC, nasceu perto de Jerusalém. O reino de Judá estava cada vez mais ameaçado pelos adversários, e o profeta anunciou a ruína da Cidade Santa e do Templo, por isso foi condenado à morte pelos sacerdotes e falsos profetas, mas escapou da morte. O livro contém os quarenta anos de pregação do profeta.

Lamentações - é uma coleção de cinco cânticos que choram a queda da Cidade Santa de Jerusalém ocorrida em 587aC. Os quatro primeiros são acrósticos. Reconhece a culpa do povo por causa dos seus pecados e o convoca à penitência e à oração.

Baruc - foi conselheiro e secretário (amanuense) de Jeremias. Acompanhou-o ao Egito após a queda de Jerusalém em 587aC; o autor trato do povo no exílio da Babilônia e exorta-o para que não caia na idolatria dos babilônios, viva a lei de Moisés e não desanime.

Ezequiel - O profeta Ezequiel (= Deus dá força), era sacerdote, casado, e perdeu a esposa um pouco antes da queda de Jerusalém em 587aC. Exerceu o seu ministério até 571aC e, segundo uma tradição judaica morreu apedrejado pelos judeus. Acompanhou o povo de Judá na fase mais crítica da sua história, quando Jerusalém caiu sob Nabucodonosor. O livro de Ezequiel tem quatro partes: 1- (cap. 4-24), onde censura os judeus antes da queda de Jerusalém por causa dos seus pecados; 2- (cap. 25-32), que contém oráculos contra os povos estrangeiros que oprimiram os hebreus; 3 - (cap. 33-39), consola o povo durante e após o cerco de Jerusalém, prometendo-lhe tempos melhores; 4 - (40-48), descreve a nova cidade e o novo Templo após a volta do exílio.

Daniel - O profeta Daniel (=Deus é meu juíz), é o principal personagem do Livro. Os capítulos de 1 a 6 formam um núcleo histórico e contam a história do profeta. Daniel foi um hebreu deportado para a Babilônia em 606 aC, fiel à lei de Deus, que o enriqueceu com dons diversos, tendo-se tornado importante na corte de Babilônia. Os capítulos 7 a 12 tem uma forma apocalíptica, que tem o seguinte sentido: na época em que os judeus estavam oprimidos por Antíoco Epifanes (167-164 aC) um hebreu piedoso escreveu a história dos último séculos de Israel, com a finalidade de animar os irmãos e apresentou a sua época como próxima da libertação messiânica. Faz referência ao Filho do Homem (7,13) e ao seu reino definitivo sobre as nações. Mais do que um livro profético, é um Midraxe e um Apocalipse, escrito no século II aC, não pelo profeta, mas por alguém que contou a sua história.

Os profetas menores

Oséias - pregou também no reino do norte, da Samaria, sob Jeroboão II (783-743 aC). O livro mostra as relações de Javé com o povo judeu simbolizadas pelo casamento do profeta, que se casa com uma mulher leviana (Gomer), que o engana; mas que cai na escravidão; é, então resgatada pelo profeta que a recebe de novo como esposa. O tema principal do livro é o amor de Javé pelo seu povo.

Joel - o livro foi escrito após o exílio, próximo do ano 400aC. É um compêndio da escatologia (últimos tempos) judaica. Descreve o Dia do Senhor, caracterizado pela efusão do Espírito Santo, o juízo sobre as nações e a restauração messiânica do povo eleito. O ataque dos gafanhotos, da primeira parte, indica os acontecimentos que antecederão imediatamente o Dia do Senhor. A segunda parte tem a forma de um apocalípse que descreve a intervenção final de Deus na história, com abalo cósmico.

Amós - era natural de Técua (Judá). Pastor de gado e cultivador de sicômoros. Exerceu o chamado profético no reino da Samaria, sob o rei Jeroboão (783-743 aC). Pregou contra o luxo, a depravação dos costumes, o culto idolátrico, previu a queda do reino da Samaria em 721aC nas mãos dos Assírios. Foi um ministério curto mas forte.

Abdias - é o menor dos livros proféticos, e de difícil entendimento. Dirigido a Edom, povo vizinho de Judá, sob o rei Jorã (848-841 aC). O livro exalta a justiça e o poder de Javé, que age como defensor do direito.

Jonas - é diferente de todos os outros livros proféticos. Narra a história de um profeta, Jonas, que recusou a ordem do Senhor para que fosse pregar aos ninivitas. Milagrosamente conduzido pela providência divina chega a Nínive e consegue converter a grande cidade. Deus lhe ensina que a sua misericórdia atinge a todos os povos. É uma narração didática, parabólica, não história, para mostrar aos judeus do século V aC, muito nacionalistas, que a salvação é universal.

Miquéias - profetizou sob Joatã, Acaz e Ezequias, reis de Judá (740-690 aC). Deve ter conhecido a queda do reino do norte em 721 e a invasão de Judá em 701 por Senaquerib. O profeta Jeremias cita um dos seus oráculos contra Judá (Jr 26, 18). Encontramos neste livro uma notável profecia messiânica (5,1-4).

Naum - era natural de Elcós. Trata somente da queda de Nínive, capital do império Assírio, que ameaçava os povos vizinhos e Judá. O livro é pouco anterior à queda de Nínive em 612 aC.

Habacuc - O livro trata do tema "porque o ímpio prevalece sobre o justo e o oprime?". É da época das ameaças dos Assíris sobre Israel. O Senhor responde indicando a queda final dos ímpios e a vitória dos justos. Mostra que Deus, por caminhos obscuros, prepara a vitória do direito e dos justos. ¨O justo viverá pela fé¨ (Hab 2,4; Rm 1, 17; Gal 3, 11; Hb 10,38).

Sofonias - Exerceu seu ministério sob o piedoso rei Josias (640-609 aC), que fez uma forte reforma religiosa em 622 (2Rs22,3-23,21). A mensagem principal de Sofonias é o anúncio do Dia do Senhor, também abordado por Amós e Isaías. O Senbor salvará o resto do seu povo, que lhe servirá na justiça, na humildade e na piedade.

Ageu - este profeta dá início ao último período dos profetas, após o exílio. O tom e a da Restauração. Ageu acompanha o povo na volta da Babilônia. Essa gente era hostilizada pelos estrangeiros que moravam na Judéia e nos países vizinhos, passava dificuldades. Então o profeta exorta este povo a reconstruir o Templo, e isto como condição para a vinda de Javé e do seu reino. Exerceu seu ministério no ano 520aC.

Zacarias - Exerceu o ministério também por volta do ano 520aC., após o retorno do exílio. O livro se refere a oito visões do profeta que tratam da restauração e da salvação de Israel. Seguem-se os oráculos messiânicos. A segunda parte do livro é de difícil entendimento, com fatos históricos difíceis de conhecer e com um apocalipse que descreve as glórias de Jerusalém nos últimos tempos.

Malaquias - seu nome significa "meu mensageiro". Dois grandes temas são abordados pelo profeta: as faltas dos sacerdotes e dos fiéis na celebração do culto; e o escândalo dos matrimônios mistos e dos divórcios. O Senhor anuncia o dia do Senhor que purificará os sacerdotes e levitas, punirá os maus e concederá o bem aos justos. Fala da promessa da vinda de Elias que precederá o dia do juízo final. O livro de aproximadamente 515 aC, anterior à proibição dos casamentos mistos devida à reforma de Esdras e Neemias em 445 aC. 

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Resumo dos livros da Bíblia - Evangelhos

EVANGELHOS

A palavra "Evangelho" vem do grego "evangélion", que quer dizer "Boa Notícia". Para os apóstolos era "aquilo que Jesus fez e disse"(At 1,1). É a força renovadora do mundo e do homem.
A Igreja reconhece como canônicos (inspirados por Deus) os quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Os três primeiros são chamados de "sinóticos" porque podem ser lidos em paralelo, já o de São João é bastane diferente. Existem também evangelhos apócrifos que a Igreja não reconheceu como Palavra de Deus. São os de Tomé, de Tiago, de Nicodemos, de Pedro, os Evangelhos da Infância, etc. Eles contém verdades históricas junto narrações fantasiosas e heresias.
Os evangelhos são simbolizados pelos animais descritos em Ez 1,10 e Ap 4,6-8: o leão (Marcos), o touro (Lucas), o homem (Mateus), a águia (João). Foi a Tradição da Igreja nos séculos II a IV que tomou esta simbologia tendo em vista o início de cada evangelho. Mateus começa apresentando a genealogia de Jesus (homem); Marcos tem início com João no deserto, que é tido como morada do leão; Lucas começa com Zacarias a sacrificar no Templo um touro, e João começa com o Verbo eterno que das alturas desce como uma águia para se encarnar.
Jesus pregou do ano 27 a 30 sem nada deixar escrito, mas garantiu aos Apóstolos na última Ceia, que o Espírito Santo os faria "relembrar todas as coisas" (Jo14, 25) e lhes "ensinaria toda a verdade" (Jo 16,13). Desta promessa, e com esta certeza, a Igreja que nasceu com Pedro e os Apóstolos, sabe que nunca errou o caminho da salvação. De 20 a 30 anos após a morte de Jesus os Apóstolos sentiram a necessidade de escrever o que pregaram durante esses anos, para que as demais comunidades fora da Terra Santa pudessem conhecer a mensagem de Jesus.

O Evangelho de Mateus - é o primeiro que foi escrito, em Israel e em aramaico, por volta do ano 50. Serviu de modelo para Marcos e Lucas. O texto de Mateus foi traduzido para o grego, tendo em vista que o mundo romano da época falava o grego. O texto aramaico de Mateus se perdeu. Já no ano 130 o Bispo Pápias, da Frígia, fala deste texto.
Também Santo Irineu (†200), que foi discípulo de S. Policarpo, que por sua vez foi discípulo de S. João evangelista, fala do Evangelho de Mateus, no século II.
Comprova-se aí a historicidade do Evangelho de Mateus. Ele escreveu para os judeus de sua terra, convertidos ao cristianismo. Era o únicos dos apóstolos habituado à arte de escrever, a calcular e a narrar os fatos. Compreende-se que os próprios Apóstolos do tenham escolhido para esta tarefa. O objetivo da narração foi mostrar aos judeus que Jesus era o Messias anunciado pelos profetas, por isso, cita muitas vezes o Antigo Testamento e as profecias sobre o Messias. Como disse Renan, o evangelho de Mateus tornou-se ¨o livro mais importante da história universal¨.

O Evangelho de Marcos - S. Marcos não foi apóstolo, mas discípulo deles, especialmente de Pedro, que o chama de filho (1Pe 5,13). Foi também companheiro de S. Paulo na primeira viagem missionária (At 13,5; Cl 4, 10; 2Tm 4,11). O testemunho mais antigo sobre a autoria do segundo evangelho, é dado pelo famoso bispo de Hierápolis, na Ásia Menor, Pápias (†135).

O Evangelho de Lucas - Lucas não era judeu como Mateus e Marcos, mas pagão de Antioquia da Síria (Cl 4, 10-14). Era culto e médico. Ligou-se profundamente a S. Paulo e o acompanhou em trechos da segunda e terceira viagem missionária do apóstolo (At 16, 10-37; 20,5-21). No ano de 60 foi para Roma com Paulo (At 27,1-28) e ficou com ele durante o seu primeiro cativeiro (Cl 4, 14; Fm 24) e acompanhou Paulo no segundo cativeiro (2Tm 4,11). A Tradição da Igreja dá seguinte testemunho deste Evangelho.
O texto foi escrito em grego, numa linguagem culta e há uma afinidade com a linguagem e a doutrina de S. Paulo. foi escrito por volta do ano 70. Como escreveu para os pagãos convertidos ao cristianismo, não se preocupou com o que só interessava aos judeus.
Mateus mostra um Jesus como Mestre notável por seus sermões - o novo Moisés, Marcos o apresenta como o herói admirável ( o Leão da tribo de Judá - Ap 5,5), Lucas se detém mais nos traços delicados e misericordiosos da alma de Jesus. É o evangelho da salvação e da misericórdia. É também o evangelho do Espírito Santo e da oração. E não deixa de ser também o evangelho da pobreza e da alegria dos pequenos e humildes que colocam a confiança toda em Deus.

O Evangelho de João - S. João era filho de Zebedeu e Salomé (cf. Mc 15,40) e irmão de Tiago maior (cf. Mc 1, 16-20). Testemunhou tudo o que narrou, com profundo conhecimento. É o "discípulo que Jesus amava" (Jo 21,40). Este evangelho foi escrito entre os anos 95 e 100 dC., provavelmente em Éfeso onde João residia.
João não quis repetir o que os três primeiros evangelhos já tinham narrado, mas usou essas fontes. Escreveu um evangelho profundamente meditado e teológico, mais do que histórico como os outros. Contudo, não cedeu a ficções ou fantasias sobre o Mestre, mostrando inclusive dados que os outros evangelhos não tem. Apresentando essa doutrina ele quis fortalecer os cristãos contra as primeiras heresias que já surgiam, especialmente o gnosticismo que negava a verdadeira encarnação do Verbo. Cerinto e Ebion negavam a divindade de Jesus, ensinando a heresia segundo a qual o Espírito Santo descera sobre Jesus no batismo, mas o deixara na Paixão. É um evangelho profundamente importante para a teologia dogmática e sacramental especialmente. 

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Resumo dos livros da Bíblia - Ato dos Apóstolos

ATO DOS APÓSTOLOS

Não há dúvida de que foi escrito por S. Lucas, médico e companheiro de S. Paulo. Conta a história da Igreja, desde Pentecostes, guiada pelo Espírito Santo, até chegar em Roma com S. Pedro e S. Paulo.
Teofilacto (†1078) dizia que: "Os evangelhos apresentam os feitos do Filho, ao passo que os Atos descrevem os feitos do Espírito Santo".
O livro se divide em duas partes: uma que é marcada pela pessoa de Pedro (At 1 a 12), e a outra marcada por Paulo (At 13 a 28) . Pedro leva o evangelho de Jerusalém à Judéia e à Samaria, chegando até a conversão marcante do primeiro pagão, batizado, Cornélio (At 10,1-11), o que abriu a porta da Igreja para os não judeus. Paulo promove a evangelização dos gentios mediante três viagens missionárias de grande importância. O capítulo 15 é a ligação entre as duas partes do livro, mostrando Pedro e Paulo juntos em Jerusalém, no ano 49, no importante Concílio de Jerusalém, que aboliu a circuncisão e reconheceu que o Reino de Deus é para toda a humanidade.
O testemunho mais antigo de que Lucas é o autor dos Atos é o chamado cânon de Muratori, do século II, que afirma:
"As proezas de todos os apóstolos foram escritas num livro. Lucas, com dedicatória ao excelentíssimo Teófilo, aí reconheceu todos os fatos particulares que se desenrolaram sob seus olhos e os pôs em evidência deixando de lado o martírio de Pedro e a viagem de Paulo da Cidade (Roma) rumo à Espanha."
Notamos que o início de Atos dá uma sequência lógica ao final do evangelho de Lucas, e ambos são dedicados a Teófilo, além de que o estilo e o vocabulário são parecidos. Segundo São Jerônimo (348-520) os Atos foram escritos em Roma, quando Lucas estava alí ao lado de Paulo prisioneiro, em grego, por volta do ano 63.
Os Atos dos Apóstolos são portanto o primeiro livro de História da Igreja nascente, escrito por uma testemunha ocular dos fatos, que os narrou de maneira precisa e sóbria. Aí podemos conhecer o rosto da Igreja no primeiro século, sua organização, etc. É o evangelho do Espírito Santo. 

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Resumo dos livros da Bíblia - Cartas de São Paulo

CARTAS DE SÃO PAULO

Paulo (ou Saulo) nasceu em Tarso na Cilícia (Ásia menor) no início da era cristã, de família israelita, muito fiel à doutrina e à tradição judaica; seu pai comprara a cidadania romana, o que era possível naquele tempo, então Saulo nasceu como cidadão romano, legalmente. Aos 15 anos de idade foi enviado para Jerusalém onde recebeu a formação do rabino Gamaliel (At 22,3; 26,4;5,34), e foi formado na arte rabínica de interpretar as Escrituras, e deve ter aprendido a profissão de curtidor de couro, seleiro. Por volta do ano 36 era severo perseguidor dos cristãos, mas se converteu espetacularmente quando o próprio Senhor lhe apareceu na estrada de Jerusalém para Damasco, onde foi batizado por Ananias. Em seguida permaneceu num lugar perto de Damasco chamado Arábia. No ano 39 se encontrou com Pedro e Tiago em Jerusalém (Gal 1, 18) e depois voltou para Tarso (At 9,26-30) acabrunhado pelo fracasso do seu trabalho em Jerusalém. Alí ficou por cerca de 5 anos, até o ano 43. Nesta época, Barnabé, seu primo, que era discípulo em Antioquia, importante comunidade cristã fundada por S.Pedro, o levou para lá. Em 44 Paulo e Barnabé são encarregados pela comunidade de Antioquia para levar a ajuda financeira aos irmãos pobres de Jerusalém. No ano 45, por inspiração do Espírito Santo, Paulo e Marcos (o evangelista) foram enviados a pregar aos gentios (At 13,1-3). A primeira viagem durou cerca de 3 anos (45-48) percorrendo a ilha de Chipre a parte da Ásia Menor. No ano de 49 Paulo e Barnabé vão a Jerusalém para o primeiro Concílio da Igreja, para resolver a questão da circuncisão, surgida em Antioquia. A segunda viagem foi de 50 a 53, durante a qual Paulo escreveu, em Corinto, as duas cartas aos Tessalonicenses (At 15,36-18,22). São as primeiras cartas de Paulo. A terceira viagem foi de 53 a 58. Neste período ele escreveu ¨as grandes epístolas¨, Gálatas e I Coríntios, em Éfeso; II Coríntios, em Filipos; e aos Romanos, em Corinto. No final desta viagem Paulo foi preso por ação dos judeus e entregue ao tribuno romano Cláudio Lísias, que o entregou ao procurador romano Felix, em Cesaréia. Aí Paulo ficou preso dois anos (58-60), onde apelou para ser julgado em Roma; tinha direito a isso por ser cidadão romano. Partiu de Cesaréia no ano 60 e chegaram em Roma em 61, após sério naufrágio perto da ilha de Malta. Em Roma ficou preso domiciliar até 63. Neste período ele escreveu as chamadas ¨cartas do cativeiro¨ (Filemon, Colossenses, Filipenses e Efésios). Depois deste período Paulo deve ter sido libertado e ido até a Espanha, ¨os confins do mundo¨ (Rom 15,24), como era seu desejo. Em seguida deve ter voltado da Espanha para o oriente, quando escreveu as Cartas pastorais a Tito e a Timóteo, por volta de 64-66. Foi novamente preso no ano 66, no oriente, e enviado a Roma, sendo morto em 67 face à perseguição de Nero contra os cristãos desde o ano 64. S. Paulo foi um dos homens mais importantes do cristianismo. Deixou-nos 13 Cartas. Vejamos um resumo delas.

A Carta aos Romanosé bem diferente das outras cartas de São Paulo, pelo fato de ser uma comunidade cristã que não foi fundada por ele, o que foi feito por S. Pedro. Esta carta foi escrita no final da terceira viagem missionária de Paulo, em Corinto, por volta do ano 57/58a fim de preparar a sua chegada em Roma. É uma carta onde temos o ponto mais elevado da elaboração teológica do apóstolo. Não trata de assuntos pessoais, mas da vida cristã, a justificação por Cristo que nos faz ser e viver como filhos de Deus e mostra a Lei de Moisés como algo provisório na história do povo de Deus. O ponto alto da carta é o capítulo 8, onde mostra que a vida cristão é uma vida conforme o Espírito Santo, que habita em nós, nos leva à santificação, vencendo as obras da carne, levando-a à transfiguração no dia da ressurreição universal. Tudo foi preparado por Deus Pai que nos fez filhos no Seu Filho, a fim de dar a Cristo muitos irmãos, co-herdeiros da glória do Primogênito (8,14-18).

A Carta aos Coríntios - Corínto ficava na Grécia, região chamada de Acaia, e no ano 27aC. Cesar Augusto, imperador romano, fez de Corinto a capital da província romana da Acaia. Foi nesta cidade portuária, rica e decadente na moral, que Paulo fundou uma forte comunidade cristã na sua segunda viagem. Aí encontrou o casal Átila e Priscíla que muito o ajudou. Paulo ficou um ano e seis meses em Corinto, até o ano 53. Na sua terceira viagem ele ficou três anos em Éfeso, também na Grécia, e daí escreveu para os coríntios. A primeira carta contém sérias repreensões dos pecados da comunidade: as divisões e a imoralidade. Em seguida dá respostas a questões propostas sobre o matrimônio, a virgindade, as carnes imoladas aos ídolos, as assembléias de oração, a ceia eucarística, os carismas, a ressurreição dos mortos, etc. É uma das cartas mais amplas de S. Paulo em termos de doutrina e disciplina na Igreja.
A segunda carta é bem diferente da primeira, não é tanto doutrinária, mas trata das relações de Paulo com a comunidade, e desfaz mal entendidos, inclusive, e faz a sua defesa diante de acusações sérias que recebeu dos cristãos judaizantes. Nesta carta Paulo mostra a sua alma, seus sofrimentos e angústias pelo reino de Cristo. Resume-se na frase: ¨É na fraqueza do homem que Deus manifesta toda a sua força¨ (2Cor 12,9).

A Carta aos Gálatas - São Paulo visitou os gálatas na segunda e na terceira viagem apostólica. É hoje a região de Ankara na Turquia. A carta foi escrita por volta do ano 54, quando Paulo estava em Éfeso, onde ficou por três anos. O motivo da carta são as ameaças dos cristãos oriundos do judaísmo que querem obrigar ainda a observância da Lei de Moisés. Paulo mostra que é a fé em Jesus que salva e não a Lei. E exorta os gálatas a viverem as obras do Espírito e não as da carne.
Esta carta é também um documento autobiográfico de São Paulo, além de ser um documento de alta espiritualidade.

Carta aos Efésios - Éfeso era a capital da Ásia romana, proconsular famosa, onde se cultuava a deusa Ártemis. Ali Paulo esteve durante três anos. A carta não trata de assuntos pessoais, mas teológicos. É um pouco parecida com a Carta aos Colossenses, a fim de combater os erros de doutrina que também ali começavam a surgir. Paulo mostra a importância da Igreja para a realização da obra de Deus. Ë a eclesiologia de São Paulo: ?Há um só corpo e um só espírito, um só Senhor, uma só fé, um só Deus e Pai de todos?. (Ef 4,4s). É de importância e beleza ímpar o prólogo da Carta (Ef um, 3-14), que apresenta um hino de ação de graças à Trindade.

Carta aos Filipenses - Filipos era uma grande cidade fundada por Filipe II, pai do Imperador macedônio Alexandre Magno, e que o imperador romano Augusto transformou em importante posto avançado de Roma (At 16,12). Durante suas viagens Paulo esteve três vezes em Filipos, e fez fortes laços de amizade com os cristãos. Esta carta é chamada de ¨a carta da alegria cristã¨, por repetir 24 esta palavra, aos filipenses que sofriam perseguições, como ele na prisão. ¨Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos! ¨ (Fl 4,1). Nada pode tirar a alegria daquele que confia em Jesus.

Carta aos Colossenses - Colossos era notável centro comercial, que ficava na Frígia, na Ásia Menor, a 200 km de Éfeso, próxima de Laodicéia e Hierápolis. Paulo esteve por duas vezes na região da Frígia. O motivo da carta são os pregadores de ¨doutrinas estranhas¨, provocando um sincretismo religioso, com elementos judaicos, cristão e pré-gnósticos. Paulo fala do primado absoluto de Jesus Cristo, numa linguagem que os gnósticos entendiam. O ponto alto da carta é o hino cristológico (1,15-20) que mostra Cristo como o primeiro e o último, o Senhor absoluto no plano da criação e da redenção.

As Cartas aos Tessalonicenses - As duas cartas tem como tema central a segunda vinda de Jesus (Parusia), que as primeiras comunidades cristãs esperavam para breve e a sorte dos que já tinham morrido. Paulo admoesta a comunidade para a importância da vigilância. As cartas do Apóstolo depois delas falam mais do Cristo presente na Igreja do que da sua segunda vinda.
Tessalônica era porto marítimo muito importante da Grécia, onde havia forte sincretismo religioso e decadência moral; havia uma colônia judaica na cidade, e é na sinagoga que Paulo começa a pregar o Evangelho. Havia dúvidas sobre a iminente volta do Senhor.
Na segunda carta Paulo retoma o mesmo assunto, exortando os fiéis a trabalharem, uma vez que ninguém sabe a data da vinda do Senhor. As cartas devem ter sido escritas por volta do ano 52 quando estava em Corinto, durante a sua segunda viagem missionária pela Ásia. 

As cartas a Timóteo - A tarefa de Timóteo na cidade de Éfeso não era pequena. Paulo o havia deixado com o cargo de corrigir "certas pessoas" que estavam promovendo erro doutrinário (1 Timóteo 1:3). Na primeira carta, para ajudá-lo a combater estes falsos mestres, Paulo ensina a Timóteo "como se deve proceder na casa de Deus" (1 Timóteo 3:15). Embora que Timóteo fosse ainda jovem (1 Timóteo 4:12), ele teria que ensi-nar e ordenar estes mandamentos de Deus aos irmãos de Éfeso (1 Timóteo 4:6,11,16).
Na segunda carta, Paulo encoraja Timóteo a continuar pregando a palavra, corrigindo e repreendendo "com toda a longanimidade e doutrina" (2 Timóteo 4:2), mesmo no meio de muitas perseguições pelas mãos dos infiéis (2 Timóteo 1:8; 2:3; 3:12-13; 4:5).
A ênfase de Paulo nestas duas cartas está sempre voltada à palavra de Deus. Tudo o que Timóteo precisava, tanto para corrigir erros doutrinários como para ficar firme no meio de tribulação, ele poderia achar na palavra do Senhor. Por este motivo, Paulo exorta a Timóteo: "aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino" (1 Timóteo 4:13), e "procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro...que maneja bem a palavra da verdade" (2 Timóteo 2:15).
As cartas foram escritas inicialmente para Timóteo, e assim contêm muitas referências particulares, que não podemos aplicar como mandamento do Senhor (veja 1 Timóteo 1:3 e 5:23; 2 Timóteo 4:21). Mesmo assim, elas têm um segundo nível de aplicação universal, revelando a vontade de Deus sobre o papel das mulheres (1 Timóteo 2:11-15), as qualificações dos bispos e diáconos (1 Timóteo 3:1-13), a inspiração das Escrituras (2 Timóteo 3:14-17), e várias outras coisas.

Carta a Tito - foi escrita a um cristão grego chamado Tito. Evidentemente ela devia servir como guia para Tito, e lhe dava apoio apostólico para o desempenho de seus deveres relacionados com as congregações cretenses. Sua designação não era nada fácil, pois tinha de lidar com pessoas rebeldes. Como Paulo escreveu: "Há muitos indisciplinados, conversadores improfícuos e enganadores da mente, especialmente os homens que aderem à circuncisão. É preciso fechar a boca de tais, visto que estes mesmos persistem em subverter famílias inteiras por ensinarem coisas que não deviam, por causa de ganho desonesto." (Tit 1:10, 11) Também, entre os cretenses, eram comuns a mentira, a glutonaria e a preguiça, e, pelo visto, alguns dos cristãos refletiam essas características ruins. Por esse motivo, Tito tinha de repreendê-los com severidade e mostrar-lhes o que se exigia dos cristãos, quer jovens, quer idosos, varões ou mulheres, escravos ou livres. Pessoalmente, tinha de ser exemplo de obras excelentes e mostrar incorruptibilidade no ensino. — 1:12–3:2.

Carta a Filemon - Quando Paulo estava preso em Roma pela primeira vez, entre os anos 61- 63, foi procurado pelo escravo Onésimo, que fugira de seu patrão Filemon em Colossos e procurou abrigo em Roma. Pela legislação judaica o escravo fugitivo não devia ser devolvido ao dono (Dt 23,16), diferente da lei romana que protegia o patrão. Então Paulo devolve Onésimo a Filemon, cristão, e pede-lhe que pela caridade de Cristo, receba o escravo não mais como coisa, mas como um irmão. É a primeira declaração dos direitos humanos no cristianismo. 
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Resumo dos livros da Bíblia - Carta aos Hebreus

CARTA AOS HEBREUS

Admite-se que a carta aos Hebreus tenha sido escrita por um companheiro ou discípulo de Paulo, pois há vários pontos de convergência entre ela e a doutrina do Apóstolo: a paixão de Cristo como obediência voluntária, a ineficácia da Lei antiga, a dimensão sacrificial e sacerdotal da redenção e alguns aspectos da cristologia. Trata-se, sem dúvida, de um sermão cristão, cuja origem remonta à Igreja Apostólica, e constitui, por isso, parte integrante da Palavra de Deus.

Este escrito estabelece uma relação entre o Antigo e o Novo Testamento numa perspectiva cristológica. O tema central é o sacerdócio de Cristo e o culto cristão. A novidade é grande: uma pessoa, Jesus Cristo, Filho de Deus e irmão dos homens, é o Sumo Sacerdote superior a Moisés e comparável à figura misteriosa de Melquisedec. Pela sua morte e glorificação, Ele é o mediador entre Deus e os homens; o seu sacrifício substitui todos os sacrifícios antigos, que já não têm capacidade para elevar o homem até Deus. Pela sua morte, Cristo realiza o perdão dos pecados uma vez por todas, estabelece uma aliança nova e eterna com a humanidade e inaugura um novo culto, imagem do culto celeste.
A Carta apresenta várias vezes a Igreja como povo de Deus a caminho, e os cristãos, como alguém que partilha o destino de Cristo e é convidado a entrar no seu repouso. Há um itinerário cristão a percorrer, que passa pela conversão, pela fé perseverante, pela aprendizagem da Palavra de Deus e por uma vivência da caridade fraterna.
O cristão é aquele que se une a Cristo através da sua própria existência e não deve separar o culto da vida. Através de Cristo, o cristão oferece continuamente a Deus um sacrifício de louvor, no qual inclui toda a sua vida e particularmente o seu serviço aos outros e a sua caridade. Precisa de manter-se integrado na comunidade cristã, de escutar a Palavra e de se manter em comunhão com os responsáveis, pois não pode chegar a Deus sem estar unido a Cristo e aos irmãos.
A oferta de Cristo ao Pai "uma vez para sempre" (10,10.14; ver 9,26.28) constitui o grande acontecimento escatológico. Por meio deste gesto histórico cumpriu-se o plano salvífico de Deus, embora continue a caminhada histórica da humanidade até à sua entrada na glória. Quando todos os inimigos forem submetidos a Cristo e for vencida a morte e todas as forças históricas, teremos então a realização do último ato da História salvífica.

Veja também:



Resumo dos livros da Bíblia - Cartas dos Apóstolos

CARTAS APOSTÓLICAS

Ao todo, são 7 cartas escritas pelos apóstolos de Jesus: Tiago, Pedro, João e Judas. 

Tiago - Como escrito tipicamente didático e moral, a Carta não obedece a um plano doutrinal previamente elaborado. Os temas sucedem-se ao correr da pena, sempre com a preocupação dominante de apelar a que os fiéis vivam o espírito cristão em todas as circunstâncias de um modo coerente com a fé, em perfeita unidade de vida: o comportamento dos cristãos tem de ser um reflexo da sua fé. Sublinhamos os temas das principais exortações:

A atitude cristã perante as provações: 1,2-18;
Pôr em prática a Palavra: 1,19-27;
Caridade para com todos: 2,1-13;
Fé com obras: 2,14-26;
Domínio da língua: 3,1-12;
Verdadeira sabedoria: 3,13-18;
Origem das discórdias: 4,1-12;
Evitar a presunção: 4,13-17;
Advertências aos ricos: 5,1-6;
Exortações finais: 5,7-20.

Como foi dito, esta Carta é o único escrito do NT a referir expressamente o Sacramento da Unção dos Doentes (5,13-15), que não aparece como um piedoso costume, mas como um dos Sacramentos instituídos por Cristo. De fato, a unção é feita apenas pelos presbíteros da Igreja, em nome do Senhor e obtém efeitos sobrenaturais, como o perdão dos pecados.

1ª Pedro - A Carta pretende exortar os fiéis a permanecerem firmes na fé, no meio de um ambiente hostil. A Carta encontra-se dividida em 4 secções:
Saudação inicial e ação de graças: 1,1-12;
I. Exortação à santidade: 1,13-2,10;
II. Os cristãos perante o mundo: 2,11-3,12;
III. Os cristãos perante o sofrimento: 3,13-4,11;
IV. Últimas exortações: 4,12-5,14.

Estamos perante um escrito da segunda geração cristã que pretende animar a fé dos que já tinham desanimado na sua caminhada na Igreja.

2ª Pedro - O seu objectivo é denunciar graves erros que ameaçavam a fé e os bons costumes, sobretudo a negação da segunda vinda do Senhor (3,3-4). Podemos estruturar 2 Pe do seguinte modo:
Saudação: 1,1-2;
I. Exortação à perseverança na fé: 1,3-21;
II. Denúncia dos falsos mestres: 2,1-22;
III. A segunda vinda do Senhor: 3,1-16;
Conclusão: 3,17-18.
Os temas fundamentais desta Carta são: a segunda vinda do Senhor (1,16), definida como misericordiosa (3,4.8-10.15), mas que vai trazer uma mudança radical no cosmos; a lembrança da Transfiguração (1,16-19); a inspiração das Escrituras (1,20-21; 3,14-16); a importância do "conhecimento" religioso (1,2-8; 2,20; 3,1).
Tudo indica que esta Carta é o desenvolvimento da Carta de Judas, sobretudo em 2,1-18; 3,1-13, onde recolhe a temática de Jd 4-19. Por isso mesmo, seria mais tardia que esta. Nas duas se combatem os falsos mestres.

1ª João - Não tem endereço e não parece ser dirigida apenas a uma comunidade, mas provavelmente ao conjunto das igrejas que estavam ligadas ao Apóstolo João. A tradição diz que ele passou os seus últimos tempos em Éfeso; os destinatários seriam provavelmente as comunidades cristãs da Ásia Proconsular, sobretudo aquelas a quem se endereçam as Cartas do início do Apocalipse. Pode estruturar-se do modo seguinte:

Prólogo: 1,1-4;
I. Caminhar na Luz: 1,5-2,29;
II. Viver como filhos de Deus: 3,1-24;
III. A fé e o amor: 4,1-5,12;
Conclusão: 5,13-21.

A Carta não foi escrita apenas para reavivar a fé em Cristo e o amor aos irmãos; parece ser, antes de mais, um escrito polêmico: perante a ameaça de erros graves, apresenta fórmulas claras e confissões obrigatórias da fé, como garantia da fé genuína e sinal da ortodoxia (4,1-3). Parece que se enfrenta com os gnósticos, que afirmavam ter um conhecimento directo de Deus e negavam tanto a vinda de Deus "em carne mortal" (4,2) como a identidade entre o Cristo celeste e o Jesus terreno (2,22). Para eles, o Jesus terreno não passava de um mero instrumento de que o Cristo celeste se tinha servido para comunicar a sua mensagem, descendo a Ele por ocasião do Batismo e abandonando-o por ocasião da Paixão; e assim negavam a Encarnação e a morte do Filho de Deus, e o seu valor redentor. Daí o seu ensino categórico: o Filho de Deus, "Jesus Cristo, é aquele que veio com água e com sangue; e não só com a água, mas com a água e com o sangue" (5,6); isto é, Deus não abandonou o homem Jesus antes da sua Paixão e Morte.
Esta Carta, de uma notável riqueza doutrinal e numa forma mais desenvolvida, é considerada posterior ao IV Evangelho e terá sido escrita nos últimos anos do séc. I.
2ª João - é um brevíssimo escrito dirigido "à Senhora eleita e a seus filhos" (v.1), designação simbólica de uma igreja concreta da Ásia Menor; pois, se fosse uma pessoa singular, não teria o mesmo nome da sua irmã: "Saúdam-te os filhos da tua Irmã eleita" (v.13). Visa incitar os fiéis à vida cristã e à caridade e defendê-los da heresia. Há quem a imagine como um esboço da Primeira.

3ª João - é dirigida a um cristão, Gaio (v.1). Anima-o a continuar a receber em sua casa os enviados do Apóstolo João, que eram mal recebidos pelo chefe da comunidade local, um certo Diótrefes.

Judas - A maior parte desta pequena Carta dirige-se contra os falsos mestres, que se tinham infiltrado nas comunidades. E nesta polêmica tem especial interesse a influência da literatura apocalíptica judaica, citando mesmo o Livro de Henoc (v.4.6.14) e a Assunção de Moisés (v.9).